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ALFABETIZAÇÃO E FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA EMPREENDEDORA

SÉRIE | ALFABETIZAÇÃO EMPREENDEDORA

Ensinando a Ler e a Escrever com Texto


Por Ana Maria Louzada [1]

Uma das finalidades fundamentais da alfabetização é possibilitar a formação de sujeitos leitores e produtores de textos com consciência empreendedora. [2]


Por isso, temos debatido muito sobre a necessidade de uma proposta que promova a formação de sujeitos com opiniões e atitudes que transformam.


Mas, para que possamos efetivar uma alfabetização nessa dimensão é importante revermos a concepção de sujeito (criança/infância), de linguagem e de ensino aprendizagem que estão subjacentes às nossas práticas pedagógicas.


Precisamos alinhar as referidas concepções à de mediação didática pedagógica dialógica, âncora da alfabetização empreendedora, cujo foco é o processo de ensino aprendizagem por meio de textos significativos.


Estamos falando de um processo educativo que tem como meta a formação de sujeitos que lutam por melhores condições de vida e que saibam ler nas entrelinhas os desafios postos na atualidade. Essa é a nossa luta! Formar sujeitos mais humanizados.


Veja, que o sentido de consciência empreendedora, aqui proposto, diferente de empreender em benefício próprio, com vistas à ascensão individual ao mercado financeiro (mercado de trabalho), está relacionado com o propósito de um empreendimento que liberta, e, por isso, possibilita a inserção ao mundo em que vivemos (mundo do trabalho/financeiro) com um olhar transformador.


Por isso, ao repensarmos a alfabetização, destacamos que além de ser um direito à apropriação da leitura e da escrita, também é um tempo espaço de formação de consciências que empreendem em prol de um mundo melhor, isto é, da emancipação humana.


Nesse sentido, dialogamos com Gontijo (2006, p.8), quando destaca a importância de “pensarmos a alfabetização como uma prática social em que se desenvolve a formação da consciência crítica...” [3].


Dialogamos também com Smolka (1993, p.69) quando chama a nossa atenção para a importância de as crianças interagirem com práticas de leitura e de escrita, que levem em consideração os princípios da interação verbal (linguagem).


A alfabetização não implica obviamente, apenas a aprendizagem da escrita de letras, palavras e orações. Nem tampouco envolve apenas uma relação da criança com a escrita. A alfabetização implica, desde a sua gênese, a constituição do sentido. Desse modo, implica, mais profundamente, uma forma de interação com o outro pelo trabalho de escritura – para quem eu escrevo o que escrevo e por quê? A criança pode escrever para si mesma, palavras soltas, tipo lista, para não esquecer; tipo repertório, para organizar o que já sabe. Pode escrever ou tentar escrever um texto, mesmo fragmentado, para registrar, narrar, dizer... Mas essa escrita precisa ser sempre permeada por um sentido, por um desejo, e implica ou pressupõe, sempre, um interlocutor [4].

Então, a proposta de alfabetizar lendo e produzindo textos (o texto como unidade básica) pressupõe uma perspectiva discursiva, cuja premissa é a interlocução, aspectos fundamentais no conceito de linguagem que embasa a proposta de alfabetização empreendedora.


A referida premissa vale-se da importância de se estabelecer no processo de ensino aprendizagem uma relação dialógica, onde locutor-interlocutor, texto-leitor e falante-ouvinte, na dimensão da interação entre o “eu e o outro”, possam se inserir num lócus de produção de ideias, saberes e dizeres empreendedores, que fomentam a transformação do espaço tempo em que vivemos.


É nesse ponto que chamamos atenção para a metodologia de mediação didática pedagógica dialógica, pois a mesma tem como princípio a importância do diálogo entre o leitor e as ideias contidas no texto, numa relação de atitude responsiva ativa, isto é, de produção de dizeres e saberes que ora confirmam e ora questionam os conhecimentos de ambos (leitor e autor).


É por isso, que ensinar a criança a decodificar e codificar palavras, sem levar em consideração tais questões é matar a língua. É desconsiderar que as crianças são sujeitos produtores de história, de conhecimentos e de linguagem, e, ainda, é desmerecer que no lócus das interlocuções vivenciadas nas práticas sociais e culturais (tempo espaço das múltiplas infâncias), as crianças se formam e transformam a língua.


Daí a necessidade de repensarmos a concepção de alfabetização, de sujeito (criança/infância) e de linguagem na dimensão de uma consciência empreendedora, pois carecemos de pessoas que militam em prol da transformação do espaço tempo em que vivemos com o propósito de garantir qualidade de vida para todos.


___________

[1] Ana Maria Louzada é Mestre em Educação pela UFES, Especialista em Alfabetização, Orientadora Educacional, Palestrante e Autora de vários livros e artigos.

Contato: amlouzada1@gmail.com ou amlouzadaconsultoria@gmail.com


[2] Artigo com base no E-book “ALFABETIZAÇÃO EMPREENDEDORA: Ensinando a ler e a escrever com texto”.


[3] GONTIJO, Claudia Maria Mendes. Alfabetização na prática educativa escolar. Revista do Professor, Belo Horizonte/MG: Secretaria do Estado da Educação de Minas Gerais, n. 14, p. 7-16, out. 2006.

[4] SMOLKA, Ana Luiza B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. São Paulo: Editora Cortez, 1993.


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