top of page
  • Foto do escritorPor Ana Maria Louzada

As implicações da Interação entre o “eu e o outro” no processo de formação da criança

Atualizado: 18 de jul. de 2018

Interação entre o “eu e o outro” e o processo de constituição da criança[1]


Foto Reprodução | As implicações da Interação no processo de formação da criança

Ana Maria Louzada[2]


Este artigo se baseia numa pesquisa, onde procuramos analisar o discurso que permeia as relações pedagógicas e as suas implicações no processo de constituição da criança, numa instituição de Educação Infantil. Assim, analisamos o movimento das diferentes interlocuções no decorrer das práticas pedagógicas.


Para tanto, procuramos focar nessa análise dois aspectos que permeiam a interação entre o “eu e o outro”: a forma e o conteúdo. Quando destacamos a forma, nos ancoramos no como as crianças interagem com a professora e com os seus pares. Em relação ao conteúdo focamos o discurso que permeia as diferentes enunciações/interlocuções no contexto das práticas pedagógicas.


Com base em tais questões procuramos considerar:

- Temas abordados no decorrer das interações entre a criança-criança e entre crianças-professoras em sala de aula.

- Conteúdos dos temas abordados.

- A forma como os diferentes temas eram abordados.


Nesse sentido, procuramos evidenciar o discurso que permeava os momentos em que a professora procurava chamar a atenção das crianças, visando:

- Estabelecer limites.

- Orientar sobre uma atividade a ser realizada.

- Ensinar conhecimentos científicos.


Desenvolvemos a pesquisa ancorada nos pressupostos teóricos de cunho sócio-histórico, com base nos estudos de Vygotsky, Luria, Leontiev, Bakthin, dentre outros.


Para Bakthin (1992b), aquilo que nós falamos é o conteúdo do discurso, o tema de nossas palavras. Mas o discurso de outra pessoa é mais do que um tema, tendo em vista que ele pode entrar no discurso e na construção sintática, como uma unidade integral da construção, ou seja, para penetrar completamente no seu conteúdo, é indispensável integrá-lo na construção do discurso.


Isso porque a língua não é o reflexo das hesitações subjetivas e psicológicas, mas das relações sociais estáveis dos falantes, pois,


[...] toda essência da apreensão apreciativa da enunciação de outrem, tudo que pode ser ideologicamente significativo tem sua expressão no discurso interior. Aquele que apreende a enunciação de outrem não é um ser mudo privado da palavra, mas ao contrário um ser cheio de palavras interiores [...] a palavra vai á palavra (BAKTHIN, 19992b, p. 147).

É com base no discurso interior que se efetua a apreensão da enunciação de outra pessoa. Os diferentes tipos e formas de discurso que permeiam a interação entre o “eu e o outro” nos revelam as implicações da organização hierarquizadas das relações sociais sobre as formas de enunciação.


Nesse sentido, pelo fato de se constituir no lócus das interlocuções sociais, o signo ideológico é marcado pelo horizonte social de uma época e de um grupo social determinado, isto é, pelo contexto das relações sociais mais imediatas e concretas.


Isso porque, o tema ideológico possui sempre um índice de valor social, que chega igualmente à consciência individual, revelando que a consciência individual o absorve como seu.


Mas na realidade, o tema ideológico não se encontra na consciência individual pelo fato de seu índice de valor ser por natureza interindividual. E ainda, o processo de formação de conceitos, que é a maneira básica com que o adulto influi na criança, constitui o processo central do desenvolvimento intelectual infantil (LURIA, 1978, p.11).


Isso significa que a criança, vai construindo o seu autoconceito nas interações sociais, de forma que se sinta incluída ou não no processo educativo e consequentemente nos diferentes tempos e espaços em que vivem.


O episódio 1, a seguir, evidencia o papel que as crianças assumem num momento de conflito e a forma como a professora conduz a interação verbal, impossibilitando que réplicas e comentários a respeito do tema do discurso aconteçam.


Leia o artigo na íntegra Clicando Aqui

______________

[1] Artigo com base na dissertação de mestrado da Ana Maria Louzada.

[2] Mestre em Educação, Orientadora Educacional, Palestrante, Consultora em Educação, Consultora de Famílias, Autora de vários livros e artigos.


Você também pode gostar de:

Notícias, E-Artigos, Temas de Palestras, Formação Continuada, Relatos de Experiências...

O Programa Educar com Diálogo tem como propósito discutir, refletir e orientar sobre a importância da relação dialógica no contexto familiar, social e escolar.

Aqui você encontra artigos, relatos de experiências, reflexões e notícias sobre o programa educar com diálogo.

18 visualizações0 comentário
bottom of page